23 de novembro de 2008

Evitando Brigas

Quando um casal tem uma discussão violenta, apaixonada, como vimos no último artigo, geralmente o homem é possuído por sua anima e a mulher por seu ânimus. Uma briga deste tipo tem sempre um efeito destrutivo para a relação. Possuídos pela emoção, tanto o marido como a mulher dizem coisas das quais geralmente vão se arrepender mais tarde.
Mas é possível evitar estas brigas? Como evitar uma briga quando a atitude de um dois fere ou ofende o outro? E quando um dos dois faz alguma coisa que é inaceitável na opinião do outro? Devemos aceitar silenciosamente, de forma passiva algo que achamos errado só para preservar a relação? È claro que não é nada disto que estou sugerindo. O que deve ser evitado é a possessão. Mas como se sai de uma possessão? O primeiro passo é querer realmente sair da possessão. Isto exige um esforço consciente de sua parte. Você tem de evita transformar a conversa em um bate boca, e para isto é preciso ter consciência que ninguém vence este tipo de discussão. Ambos saem feridos e indignados, e a relação é sempre prejudicada. A primeira coisa a fazer é desistir da idéia de ganhar o bate-boca. Depois, é preciso saber quando se está possuído pelo ânimus ou pela anima. Para isto preste atenção nos sintomas: se sua voz estiver alterada; se você sempre tiver mais alguma coisa a dizer; se for difícil calar e dar tempo para o outro responder, você está possuído. Pior ainda, se você e o outro estiverem falando ao mesmo tempo, e falando cada vez mais alto, querendo ganhar no grito!
Se você for uma mulher, pode ter certeza que você está possuída por seu ânimus, o homem interior em sua manifestação mais primitiva.
Se você for um homem e se sentir profundamente ferido com as coisas que sua mulher disse, se estiver convencido que ninguém entende você, pode ter certeza que está possuído pela anima, a mulher interior em sua manifestação mais primitiva.
A melhor coisa a fazer nestes momentos é interromper a discussão antes que um dos dois vá longe demais e diga coisas que podem realmente deixar feridas profundas, difíceis de cicatrizar.
Parece fácil, mas não é. Você terá de se controlar quando o sangue subir à cabeça e você quiser responder à altura. Se não resistir, não sai da possessão, e a vida do casal se torna um inferno. Mas se você conseguir realmente escutar, perceberá que, em meio às generalizações e palavras agressivas do outro, há um pedido autêntico de socorro. Talvez haja algo que o outro precisa ou espera de você – e você está surdo. Talvez você precise mudar alguma atitude da qual não tem consciência. Só podemos melhorar uma relação se começamos melhorando a nós mesmos. É preciso ter humildade, para admitir que nem sempre se está com a razão, e ter coragem para mudar. Se conseguirmos evitar possessões, o diálogo se torna um instrumento de aproximação amorosa e reconciliação.

16 de novembro de 2008

Brigas de casal

Todos carregamos uma personagem do sexo oposto dentro de nossa psique. Chamamos de ânima a mulher que cada homem carrega dentro de si e de ânimus o homem que cada mulher traz. È difícil detectar estes dois personagens no dia-a-dia, pois eles influenciam discretamente nosso comportamento. Estão lá, vivos e ativos em nossas psiques, mas sob o controle do ego. Porém em algumas situações excepcionais o ânimus ou a anima podem vir à tona, e mesmo dominar-nos. Durante uma briga de casal, por exemplo. A briga pode começar por uma razão insignificante - um pequeno incidente, ou mal entendido - e ser resolvida sem traumas. Quando, porém, estes incidentes insignificantes levam a um bate boca emocionado e interminável, que vai se tornando mais e mais agressivo e acalorado, o casal, por mais adulto e equilibrado que seja, vai perdendo o auto-controle. Vai cedendo o controle de suas palavras e seus atos ao ânimus, no caso da mulher, e à anima, no caso do homem. Os dois são possuídos por estas forças primitivas.
Quando possuídos por estes arquétipos, ou por uma forte emoção, nossa aparência física se transforma. O tom de voz se altera. A expressão do rosto muda. Perdemos o controle sobre nossas palavras e ações. Gostaríamos de interromper a discussão, mas não conseguimos parar. Se pararmos e tentarmos pensar em outra coisa, a discussão continua rolando em nossa cabeça. Os sintomas são semelhantes aos de uma possessão por espírito. As expressões populares para falar desta possessão mostram que o povo tem consciência desta perda de controle: “Ele estava fora de si” ou “ela perdeu a cabeça” ou ainda “ele estava possuído”. Mas é possível sair de uma possessão? Como se faz isto? O primeiro passo é querer realmente sair da possessão o que exige um esforço consciente de sua parte. Mas isto fica para a próxima semana.

9 de novembro de 2008

O carneiro selvagem

Todos nós temos um carneiro selvagem dentro de nós, podemos reconhecê-lo naqueles momentos em que estamos irritados, nervosos, com vontade de matar quem chegar perto. É comum, nestes momentos, o parceiro chegar querendo carinho e proteção, e levar uma bela patada. A briga começa e surge a fantasia para os dois que chegou o momento da separação definitiva. O mito de Psiquê nos fala sobre isto:
A outra tarefa que Afrodite impôs a Psiquê foi que ela deveria pegar chumaços de lã de ouro dos carneiros selvagens que viviam do outro lado do rio. Psiquê sabia que os carneiros a destroçaria se ela tentasse chegar perto deles, era uma missão impossível. Ela chorou e pensou em se matar.
Podemos comparar a lã de ouro com a necessidade de carinho e proteção; os carneiros selvagens com a raiva, a irritação; e a reação de Psiquê com a sensação de que o relacionamento vai morrer.
Mas, o rio ajudou Psiquê dizendo que ela deveria esperar o sol do meio dia, momento em que os carneiros dormiam, e retirar os chumaços de lã que ficavam presos nos galhos das árvores. E foi o que Psiquê fez.
Esperar o momento em que o outro se acalme para depois receber carinho e proteção, parece algo tão óbvio, mas exige auto controle e paciência.

2 de novembro de 2008

Eros e Psiquê

Quando Psiquê viu que seu relacionamento com Eros havia sido destruído por ela mesma, quando Eros e o castelo desapareceram, Psiquê decidiu agir para salvar sua relação. Foi até o templo de Hera, a deusa do casamento. Ir ao templo de Hera é um gesto simbólico que indica a vontade de oficializar a relação. Quando algumas mulheres percebem que um relacionamento de anos está se esvaziando, que a fase da paixão passou, começam a pressionar o namorado/noivo a marcar a data do casamento, como se isto resolvesse o problema. No mito, Hera disse à Psiquê que não poderia ajudá-la. Na vida real, acontece o mesmo. A posse de um certificado de casamento, um papel que prove que vocês estão “unidos para sempre” não resolve os problemas entre um casal.
Psiquê, então, foi ao templo da deusa mãe, Deméter. Deméter também respondeu à Psiquê que não podia ajudá-la. Casar, ter filhos, pode ser maravilhoso, mas não como solução para uma crise no relacionamento. Deméter disse à Psiquê que, se quisesse recuperar o Amor, deveria ir até o templo de Afrodite. Afinal, Afrodite era a deusa do amor e a mãe de Eros. Ela é quem tinha a chave. Problemas de relacionamento se resolvem através do amor.
Para seguirmos no caminho do amor, devemos consultar Afrodite.
No mito, Afrodite impôs várias tarefas à Psiquê, mostrando assim que o amor tem seu custo, dá trabalho, e exige coragem. A primeira tarefa que impôs foi a de separar uma montanha de grãos de vários cereais diferentes, todos misturados. E esta é a primeira tarefa para quem quer fazer a transição da paixão para o amor. No relacionamento amoroso nos deparamos com um milhão de coisas: hábitos, atitudes perante a vida, educação, família, amigos diferentes, etc, etc. E nos dá um imenso trabalho perceber e respeitar estas diferenças.

26 de outubro de 2008

O momento da Paixão


Quando estamos apaixonados nos sentimos plenos, saciados, nada mais importa além do nosso amante-amado, as pessoas à nossa volta parecem não ter importância, nos afastamos da família, dos amigos, não queremos perder nenhum instante com o ser amado, as horas que passamos juntos são ardentemente esperadas e mágicas. No mito grego, é a história de Eros e Psiquê que nos fala, simbolicamente, destes momentos mágicos da vida.
Quando Psiquê casou com Eros, sem conhecê-lo, como era comum na antigüidade, foi levada pelo deus dos ventos a um castelo. Psiquê foi carregada pelo ventania – uma bela imagem simbólica de como somos “irresistivelmente arrastados “ pela paixão. No castelo, empregados invisíveis lhe serviram pratos e bebidas divinas. Na escuridão da noite surgia Eros e se amavam. Os dias se passaram. Eros surgia de madrugada e partia antes do sol nascer. E as horas que passavam juntos eram “ardentemente esperadas e mágicas”. Mas Psiquê queria ver Eros de corpo inteiro, à luz do dia. Eros, porém, avisou-a de que ela não podia vê-lo inteiro pois o encanto acabaria.
Aparentemente Psiquê tinha tudo o que queria, vivia num castelo, comia, bebia o que desejava, tinha um amante apaixonado. Da mesma maneira nos sentimos plenamente realizados quando somos correspondidos. Mas, um dia Psiquê começou a sentir falta de outras pessoas, percebeu que por mais que amasse Eros não poderia passar a vida inteira adorando-o. Sentiu saudades das irmãs, e as convidou para visitá-la. Quando elas viram o castelo onde Psiquê morava, ficaram roxas de inveja da felicidade de Psiquê. Queriam ver Eros, é claro, e quando Psiquê respondeu que não poderiam vê-lo, as irmãs lembraram Psiquê que o oráculo que havia previsto seu casamento, previra também que ela iria casar com um monstro. Será que era por isto que Eros jamais se mostrava à luz do dia? Psiquê ficou perturbada e, à noite, fez o que suas irmãs haviam sugerido: deixou uma faca ao lado da cama e esperou que Eros pegasse no sono, pronta a matá-lo se ele fosse, de fato, um monstro. Acendeu a luz do lampião, e ficou tão extasiada ao ver a beleza de Eros, o deus do amor, que deixou cair o óleo quente sobre as asas de Eros. Ele acordou com a dor, agoniado, e voou para longe - o castelo e tudo que havia em torno de Psiquê se desfez como um sonho.
Isto acontece, de uma maneira ou de outra com todos os apaixonados. Certo dia, o encanto da paixão termina. Sentimos vontade de rever os amigos, a família, parece que apenas o amante-amado já não é mais suficiente para sermos felizes. Começamos a dar ouvidos às fofocas, aos comentários negativos sobre nosso companheiro-namorado-noivo, sentimos necessidade de verificarmos se ele é, realmente, perfeito, ou se estamos sendo enganadas.
Ao acendermos a luz, isto é, quando começamos a enxergar o outro tal como ele é, podemos, de fato, nos decepcionar, descobrir que o amado-amante não é nenhuma das duas coisas, e o relacionamento pode terminar neste momento. Porém é preciso ter cuidado pois o amado-amante pode realmente ser o homem de nossa vida, como Eros se tornou o amante eterno de Psiquê. Se o outro é, realmente, a pessoa que desejamos, é hora de iniciar um verdadeiro e duradouro relacionamento amoroso. Que, ao contrário da paixão, pode durar para sempre.

19 de outubro de 2008

Apolo e Ártemis

No mito grego Ártemis e Apolo eram irmãos gêmeos, filhos de Zeus e Leto. Foi um parto difícil, pois Hera, morta de ciúme, impediu que a deusa dos bons partos desse seu apoio à Leto. Ártemis foi a primeira a nascer, e quando viu que sua mãe continuava em trabalho de parto, arregaçou as mangas e ajudou seu irmão gêmeo Apolo a vir ao mundo.
Tanto Ártemis como Apolo eram caçadores, e exímios arqueiros. Ártemis vivia nas matas, ora caçando com suas amigas ninfas, ora competindo com Apolo no arco e flecha. Eram muito próximos e um estimulava o outro a acertar alvos cada vez mais distantes.
No mito, sendo irmãos, Ártemis e Apolo não se casaram, mas na vida moderna é muito comum que um homem Apolo se apaixone por uma mulher Ártemis e vice versa. Eles tem muito em comum – gostam da competição e de vencer desafios, são objetivos e, frequentemente, grandes profissionais.
A mulher Ártemis ajuda o homem Apolo a nascer, isto é, reconhece seu valor e o estimula a ser o que ele é. Eles tem objetivos e maneiras de encarar a vida semelhantes.
A mulher Ártemis divide seu tempo entre o trabalho (a “caça”), o marido (que também sai “à caça”, como Apolo) e os amigos (as “ninfas”). O homem Apolo se divide entre o trabalho, os estudos (aperfeiçoando suas competências, sua “pontaria”) e os cuidados com o lar (seu próprio templo).
Os dois vivem como dois irmãos e são grandes aliados na luta do dia a dia.
O ponto fraco dos casamentos Apolo/Ártemis é o sexo – muitas vezes os dois cônjuges concentram tanto sua energia na “caça” – por uma promoção, um diploma, um salário mais alto, mais status – que não acham tempo para namorar.

12 de outubro de 2008

Posídon e Deméter

Posídon, deus dos mares, desejou ardentemente Deméter, a Grande Mãe Natureza. Deméter fugiu de Posídon, e ele correu atrás dela. Numa tentativa de escapar das garras de Posídon, Deméter se transformou numa égua. Posídon não vacilou, transformou-se num cavalo e possuiu Deméter.
Apesar de Posídon não ter se casado com Deméter, na vida real casais Posídon-Deméter não são raros.
O homem Posídon é emocional, irracional (mar), se entrega facilmente aos seus impulsos, inclusive os sexuais (cavalo). Ele vai atrás da realização de seu desejo, seja por uma mulher, por uma posição ou por uma propriedade, sem se preocupar se no caminho deixará pessoas lesadas.
Em casa, o homem Posídon age sempre como o chefe da família, e não aceita desafios à sua autoridade nem por parte de sua esposa nem dos filhos. Como tende a considerar sua autoridade absoluta, tampouco aceita a interferência de pessoas de fora em seu reino. No trabalho, freqüentemente assume cargos de poder, se impondo através de ataques emocionais, e podendo usar o sexo como instrumento de poder,e não se dá bem com mulheres modernas, que vão atrás de sua própria carreira. Ao contrário, faz o possível para que toda mulher fique abaixo de sua autoridade ou dependa dele (Posídon e Atena foram inimigos).
A mulher Deméter se submete aos ataques emocionais do marido, porque o seu interesse maior é cuidar dos filhos, e o marido passa a ser um deles.
A delegacia das mulheres recebe todos os dias queixas de mulheres espancadas, muitas vezes por homens Posídon. Muitas mulheres sofrem com os ataques do marido, mas não os denunciam por vergonha, e no caso de mulheres Deméter, pelo medo de destruir o lar de seus filhos.
Por outro lado, da mesma maneira que o mar nem sempre está turbulento, às vezes Posídon está calmo e aconchegante. O homem Posídon sabe ser quente e protetor, e geralmente é carinhoso e sente orgulho de sua família.

5 de outubro de 2008

Homem Zeus e Mulher Hera

Conta o mito que Zeus queria transar com Hera, mas ela o recusou, deixando claro que só se entregaria a um homem após o casamento. Mas Zeus não era bobo – transformou-se num pequeno pássaro, um cuco, aninhou-se no colo de Hera e a possuiu. Zeus sabia que só poderia conquistar Hera se mostrasse sua fragilidade. No momento em que a mulher Hera percebe que o homem Zeus, apesar de se mostrar sempre decidido e poderoso, também é frágil e precisa de sua proteção, ela se apaixona. Casaram-se e sua lua de mel durou 100 anos.
Os casamentos Zeus-Hera costumam ser conservadores, certinhos. Quando um homem Zeus e uma mulher Hera casam criam um reino no qual ele se dedica quase que exclusivamente ao trabalho, sustenta a família, exige dos filhos que estudem e trabalhem. A mulher Hera age como a rainha deste reino: faz tudo o que pode para ajudar o marido a manter sua posição, promove jantares para seus amigos ou superiores, cuida da casa, das contas, e educa os filhos para se tornarem herdeiros dignos do reino que vão herdar. Cria os filhos homens para serem fortes e realizados profissionalmente como o pai; as filhas como princesinhas a espera de um marido que lhes dê seu próprio reino no futuro.
Infelizmente o homem Zeus tende a ser um mulherengo. O casamento vai bem até o momento em que ele começa a sentir que sua vida virou rotina e sai a procura de novas aventuras. Por isto, a mulher Hera, que estava satisfeita com seu casamento, não consegue entender as atitudes do marido e vive torturada pelos ciúmes.

28 de setembro de 2008

O Caminho do amor

Um dos grandes obstáculos que encontramos no caminho do amor, na procura de alguém que nos compreenda e compartilhe conosco os nossos sentimentos e forma de ser, é o medo de sermos rejeitados. O medo da rejeição não é algo que aprendemos na busca do amor, é um trauma, causado por rejeições passadas, principalmente na infância. O patinho feio, famoso conto de Andersen, trata da rejeição e nos ensina como supera-l.a.
O patinho foi rejeitado pela mãe por não parecer com os irmãos, pelos gansos que o achavam feio, pelo gato e pela galinha por que não partilhava dos sonhos deles, pelos humanos por ser desajeitado. Todos viam os defeitos do patinho; ninguém se preocupava em enxergar suas qualidades. De tanto ouvir que era feio, burro, desajeitado, o próprio patinho acabou acreditando que não tinha qualidades. Profundamente deprimido, sentindo-se um lixo, o patinho fugiu para o meio do lago e buscou refúgio na solidão. Porém, era inverno e ele quase morreu congelado. Da mesma maneira namoramos com um(a), depois com outro(a) e vamos pulando de rejeição à rejeição até o momento em que acreditamos que a saída é congelarmos nossos sentimentos e desistirmos de encontrar alguém que nos valorize. Mas a frieza não é uma saída para a depressão.
O patinho se libertou das inúmeras rejeições quando viu um bando de cisnes, se olhou no lago e reconheceu sua beleza, força e determinação. No caminho do amor precisamos olhar no espelho e descobrirmos nosso próprio valor e somente assim poderemos compartilhar nossa vida com o outro.
No mito de Eros e Psiquê, que nos fala sobre o caminho do amor, Psiquê era uma princesa que foi rejeitada por todos os seus pretendentes, e como o patinho, ela não desistiu de sua busca.

27 de julho de 2008

Quando Réia, a deusa da terra, paria um filho, seu marido Cronos o engolia. Réia só conseguiu salvar Zeus das garras do pai. Quando cresceu Zeus se revoltou contra Cronos, derrotou-o e o obrigou a vomitar os filhos que já tinha engolido. Os irmãos e irmãs de Zeus tornaram-se os deuses olímpicos: Hades, Posídon, Hera, Demeter e Héstia.
Héstia, porém, não quis ir para o Olimpo, tornou-se a deusa do fogo da lareira aqui na terra mesmo; assim seu templo (o fogo da lareira) estava presente em todos os lares gregos. Ela sempre se manteve afastada das politicagens e intrigas do Olimpo e se recusou a participar da guerra de Tróia. Casou-se com Hermes, o mensageiro dos deuses.
A mulher Héstia não é ambiciosa, não gosta de trabalhar em empresas e organizações, nas quais geralmente é preciso lidar com intrigas de poder para sobreviver. Ela curte atividades que possa realizar sozinha, de preferência em sua própria casa.
A mulher Héstia não consegue compreender porque muitas pessoas acham a solidão um bicho papão, para ela estar só é estar bem consigo mesma.
A mulher Héstia pode não casar. Quando casa, ou quando mantém uma relação constante com um homem, é, em geral, com um homem Hermes. Ela curte viver ao lado de um homem Hermes. Ele sai para trabalhar, viajar, enquanto ela fica em casa, realizando seu próprio trabalho. Quando ele volta traz novidades do mundo lá fora, agitação, notícias e fofocas, ela oferece a ele um refúgio, um ninho onde possa descansar.

20 de julho de 2008

Afrodite e Hefesto

Segundo uma versão do mito, Afrodite era filha de Zeus. Zeus queria transar com Afrodite, mas ela se recusou. Por isto ele a obrigou a casar com Hefesto, o único deus que trabalhava e tinha profissão - ferreiro.
Hefesto passava os seus dias dentro do vulcão, forjando obras de arte. Forjava estátuas, armaduras, coroas, o Olimpo era mobiliado e decorado por suas peças. Enquanto ele trabalhava, Afrodite ficava sozinha em casa. Até o dia em que ela o traiu, transando com Ares, o deus da guerra.
A mulher Afrodite é pressionada pela sociedade patriarcal a “criar juízo”, a deixar de viver a vida intensamente, a casar com um homem trabalhador que lhe ofereça segurança material e fidelidade, e este é o perfil do homem Hefesto.
O homem Hefesto facilmente se torna um workaholic, trabalha o dia todo, inclusive os finais de semana, chega em casa cansado, e nem olha para o “mulherão” que está ao seu lado, com efeitos desastrosos para o casamento.
A mulher Afrodite começa a ter fantasias de encontrar um homem que olhe para ela com desejo, um homem Ares, um homem que curta sexo e seja tão emocional como ela. Às vezes, as realiza.

13 de julho de 2008

Afrodite e Hermes

O mito conta que Afrodite e Hermes tiveram um filho chamado Hermafrodito, não conta como se encontraram e nem como foi a relação entre os dois. Mas, não é difícil imaginar Hermes, aquele com asinhas nos pés, o deus que adorava viajar e bater papo, ao lado de Afrodite, a deusa da arte e da beleza.
A mulher Afrodite curte o homem Hermes porque ele adora boa companhia e vive a vida com a mesma intensidade que ela. Ele até a ajuda a escapar das encrencas em que se mete, viajam, saem com os amigos, batem altos papos e dão boas gargalhadas.
Porque Afrodite não se casou com Hermes? Quem vê um casal Afrodite-Hermes se divertindo tem a impressão de que eles nasceram um para o outro. Afinal, eles tiveram um filho chamado Hermafrodito, um símbolo da união do feminino e do masculino. Foram minhas pacientes e amigas Afrodite que me deram a resposta: no dia-a-dia o homem Hermes analisa racionalmente tanto fatos como pessoas, e parece não se envolver emocionalmente com nada. Isto irrita uma mulher Afrodite, que faz exatamente o oposto: mergulha de cabeça para depois pensar aonde se meteu.

6 de julho de 2008

O mito e o mundo moderno

O mundo competitivo em que vivemos não nos deixa tempo para nada. Quando não estamos empenhados em trabalhar, ganhar dinheiro, adquirir status, ou simplesmente garantir nossa sobrevivência, temos pepinos para resolver, contas a pagar, compras a fazer, o carro para levar para revisão, um aniversário ou casamento ao qual não podemos faltar. No dia-a-dia, nossa atenção é disputada por um dilúvio de informações que nos ataca de todos os lados - da TV, da internet, dos outdoors, dos jornais, etc, etc; e no meio de toda esta agitação, esquecemos de nosso maior desejo – o de sermos compreendidos e amados pelos que nos são próximos.
O anseio por ser aceito, amado, valorizado está profundamente enraizado na psique humana. Somos animais sociais – não sabemos viver sozinhos. Mas para sentir-se integrado a um grupo, precisamos também compreender os que nos cercam. Um instrumento valioso para conhecer a si mesmo e compreender os outros é, você pode não acreditar, o mito. Mas o que é que nós, cidadãos do século XXI , temos a aprender com os antigos, com povos que viveram e morreram há milhares de anos atrás?
Viver uma vida humana, seja na cidade de São Paulo ou nas cavernas, é passar pelos mesmos estágios da infância à maturidade; é sofrer a mesma transformação da dependência da infância em responsabilidade adulta, é lutar pela sobrevivência, vivenciar o casamento e a decadência física, a perda gradual das capacidades na velhice e, finalmente, enfrentar a morte.
Os mitos nos contam como outros seres humanos lidaram com estas questões, nos dando pistas de quem somos e para onde nossas atitudes estão nos levando.
Para os gregos, por exemplo, assim como para nós, derramar o próprio sangue, matar um familiar, era o mais hediondo dos crimes. O culpado de um crime assim não podia ser perdoado nem pelos deuses e sofria uma punição mais terrível do que aquela reservada aos outros assassinos – o tormento pelas Fúrias. As Fúrias eram monstros alados, com cabelos de serpentes, cuja função era não dar um minuto de paz aos culpados deste tipo de crime. Não foi isto mesmo que aconteceu no caso que chocou o Brasil recentemente, o assassinato da menina Izabela pelo próprio pai? Quem acompanhou o caso pela TV, e viu a multidão cercando a casa do assassino, disposta a linchá-lo a qualquer preço, pode ver, com seus próprios olhos, o pai-assassino sendo atormentado sem dó nem piedade por estas Fúrias modernas, a imprensa e a opinião popular.

29 de junho de 2008

Afrodite e Dioniso

Um dos deuses pelos quais Afrodite se enamorou foi Dioniso, o deus do vinho.Conta o mito que Dioniso foi, por muito tempo, um andarilho, que andava pelo mundo seguido por um cortejo de fiéis, bacantes e sátiros:
Era o deus do vinho e da alegria de viver, e levava todos a sua volta à volúpia e à loucura. O uso do vinho enaltecia o espírito, purificava a alma, enaltecia os prazeres do corpo. Ao lado de Dioniso era possível atingir-se o êxtase, a plenitude de todos os desejos.
Afrodite, a deusa do amor, por sua vez, arrastava os seres aos desejos e à paixão. Uma união que não era de se estranhar, pois levava ao verdadeiro êxtase.
A mulher Afrodite conhece o valor da alegria e da festa e não se nega um bom copo vinho ou outra substância qualquer, desde que esta intensifique seu prazer. Procura pelo êxtase, seja este místico ou amoroso. Se sente atraída por homens, que como elas, buscam os prazeres do sexo e da paixão.
No entanto a mulher Afrodite, ao contrário do homem Dioniso, dificilmente torna-se uma viciada, pois ela dá valor demais a beleza física e espiritual, e sabe que as drogas e o excesso de sexo pode destruir sua vida – enquanto tudo o que ela mais quer é viver intensamente. Quando percebe que o espírito da morte, chamado pelas drogas, está muito próximo, muda de vida, e continua seu caminho.

22 de junho de 2008

Mulher Afrodite e Homem Adônis

Por onde passava a deusa Afrodite, tudo florescia. Certo dia, durante um passeio, Afrodite encontrou a árvore Mirra. Mirra estava grávida. Afrodite percebeu que era chegado o momento do parto e retirou o filho do ventre de Mirra. Mirra não deu a luz a um bebê, e sim, a um belíssimo adolescente. Afrodite se apaixonou, e acabou tendo um romance com o menino, que foi chamado de Adônis. Como não queria perdê-lo, Afrodite o trancou numa arca a qual entregou à Perséfone para guardar.
Perséfone, não agüentando de curiosidade, abriu a arca. Quando viu o belo Adônis, também se apaixonou. Afrodite quis Adônis de volta e como Perséfone se recusasse a entregá-lo, ficou possessa. Zeus teve que intervir – decidiu que Adônis viveria com Afrodite quatro meses por ano, quatro com Perséfone e o resto do tempo onde quisesse.
Quando uma mulher Afrodite conhece um filho da mãe (Adônis é filho de Mirra, não tem pai), faz o possível para arrancá-lo dela. Recusa-se a ir todos os finais de semana na casa da futura sogra. Faz o possível para que ele perceba que não tem nada a ver ser um eterno menino.
A mulher Afrodite não curte muito tempo a fossa de uma separação. Termina um namoro e logo começa outro. Facilmente encontra um homem ligado excessivamente na mãe, e se apaixona.
Homens que adoram a mãe tendem a idolatrar a mulher, como se ela fosse uma deusa. No primeiro momento, a mulher Afrodite curte ser idolatrada, mas chega um momento em que para e pensa: espera ai! Esta mulher por quem ele esta apaixonado não sou eu, não sou uma deusa e sim uma mulher. Quando se dá conta disso perde o interesse pelo menino, mas não quer descartá-lo. Afinal é sempre bom ser admirada e idolatrada. Enquanto não se tem outro relacionamento, é melhor deixar este em banho maria, guarda-lo numa arca, e abri-la em momentos de solidão. Até o momento em que uma amiga Perséfone conhece o rapaz e resolve transar com ele. Aí a relação entre as duas fica abalada, e o rapaz não se decide com qual das duas ele quer ficar.
Mas, logo a mulher Afrodite continua no seu próprio caminho e encontra um novo amor.

15 de junho de 2008

Afrodite e Nerite

O movimento das ondas do mar era violento. O falo de Urano amputado por seu filho Cronos, fecundava às águas, formando uma macia espuma branca. Desta surgiu a bela Afrodite. Seu perfume maravilhoso espalhou-se por toda a região.
Nerite, uma bela concha do mar, ao ver Afrodite se apaixonou. Amaram-se suavemente. O tempo foi passando. O amor entre os dois era pleno. Mas, Afrodite precisava seguir seu caminho. O convidou para juntos conhecerem o mundo. Ele recusou. Não podia abandonar o mar: seu reino vital. Ela não podia ficar. Os humanos a chamavam. Assim, despediram-se, e, Afrodite seguiu sua viagem.
Quem na não sentiu o êxtase desta união em sua vida? Já não olhou as ondas do mar batendo nas pedras, subindo aos ares? Quem já não deslumbrou as riquezas do fundo do mar? Não pegou uma linda concha e a colocou no ouvido, para ouvir o divino som do mar?
Diante da beleza do mar, do êxtase diante da música, sentimos vontade de agradecermos aos deuses, por estarmos vivos. Não deveríamos agradecer aos deuses, e sim, a Deusa Afrodite.
Assim são as mulheres Afrodite: apaixonam-se pela arte, a música, o encanto da natureza. São românticas e sonhadoras. Quando estão cansadas, a melhor maneira de se refazerem, é irem de encontro a beleza da natureza.
Atraem-se por homens sensíveis, que também se deliciam com a beleza da arte e da natureza. Juntos vivem num mundo mágico e criativo.
A união Afrodite e Nerite é semelhante a magia do primeiro amor. No qual, a realidade parece não existir. Vive-se plenamente num mundo de sonhos e encantos. Mas, não é possível viver muito tempo aparte da realidade. É preciso encontrar os amigos, trabalhar, ganhar dinheiro, construir família. Por isso, as mulheres Afrodite terminam um relacionamento, no qual tudo é sonho. Procuram uma nova relação, na qual possam viver juntos a realidade e participarem do mundo.

8 de junho de 2008

Mulher Hera

Hera é a esposa de Zeus, a rainha do Olimpo. Em uma sociedade patriarcal, Hera é a “esposa perfeita”. Ela cuida da casa com perfeição e dirige os empregados com eficiência, fornecendo ao marido uma estrutura sólida e filhos bem educados, permitindo a ele que se dedique totalmente à sua carreira. Em geral casa com homens-Zeus, homens importantes e poderosos, que tenham condições de, em troca, lhe oferecer todo o necessário para criar seu “reino”. A mulher Hera é completamente dedicada ao marido e ao lar. É o que os antigos chamavam de a “Rainha do Lar”. Freqüenta eventos e reuniões sociais ao lado do marido, sabe oferecer um jantar, se apresentar em público. Apesar de todo seu poder e status, a Deusa Hera não era uma deusa feliz. Zeus nunca foi um marido fácil – era mulherengo, e a lista de filhos que teve com suas amantes é longa demais para caber neste artigo. Hera, coitada, passava boa parte de seu tempo perseguindo as amantes e os filhos bastardos de Zeus.
Para a mulher-Hera, que se realiza através do casamento, casar bem é fundamental. Infelizmente, uma das características da mulher-Hera é a ser ciumenta e possessiva. O que pode transformar sua vida em um inferno.
Hoje, viver em função do marido, parece ser algo ultrapassado. Mas, Hera está presente quando a mulher faz compras, paga as contas, coordena a empregada, é a aliada número 1 do marido. E também está presente quando a mulher sente ciúmes e tem medo de ser traída.

1 de junho de 2008

A mulher Deméter

A Deusa Mãe Deméter ficou desesperada quando sua filha Core desapareceu. Ela saiu vagando pelo mundo. Sua tristeza parecia ser insuportável. Parou numa casa e se apresentou como babá, e foi contratada para cuidar do filho do casal.
Deméter se apegou tanto ao menino, que resolveu torna-lo imortal, para isto, toda noite ela o colocava sobre o fogo da lareira. Certa noite, a mãe do menino a pegou em flagrante, ficou apavorada ao ver o filho sobre as chamas e expulsou Deméter da casa.
Deméter foi para a cidade de Elêusis, e lá criou o seu templo. Quando o menino, que Deméter havia criado, cresceu, ela o tornou seu sacerdote.
A mulher Deméter é aquela que se realiza cuidando dos filhos, se não os tem não sossega enquanto não engravidar. Ela é aquela que quer ver toda a família reunida em volta da mesa, comendo quitutes que ela mesmo preparou.
Ela, normalmente, vê e trata o marido como um filho que precisa ser protegido.
A mulher Deméter se sente perdida quando os filhos crescem e não precisam mais de sua proteção, vive intensamente a crise do ninho vazio. Para superar esta fase, ela pode adotar uma criança, ou exercer atividades, nas quais ela possa cuidar de pessoas ou animais. Mas, ela pode sofrer se não poder cuidar dos outros da maneira que ela acha correto.
Outro caminho que ela pode encontrar é criar o seu próprio templo, isto é, encontrar uma religião, uma filosofia, se dedicar a estudos espirituais, etc.
As mulheres que não se identificam com Deméter sentem sua presença quando tem filhos, ou quando alguém querido adoece e necessita de cuidados.

25 de maio de 2008

Mulher Perséfone

Deméter era a deusa da fertilidade, aquela que dava vida – mas que também podia negá-la. Quando sua filha Core desapareceu, raptada por Hades, o Senhor do Submundo, Deméter ficou desesperada e decretou que mais nada sobre a superfície da Terra frutificaria enquanto ela não tivesse sua filha de volta. As plantações secaram, as árvores não davam frutos, as flores desapareceram e os homens começaram a morrer de fome.
Zeus, o pai de Core, não podia permitir que a humanidade se extinguisse. Mandou seu filho Hermes procurar Hades para negociar com ele o retorno de Core. Não era uma tarefa fácil, mas Hermes sabia ser persuasivo, e acabou convencendo Hades a libertar a jovem. Hades, porém, antes que Core voltasse à superfície, ofereceu a ela uma romã. Core sabia que não era obrigada a comer a romã – sua mãe Deméter já a havia avisado que se comesse alguma coisa no mundo subterrâneo, seria obrigada a voltar. Então, pela primeira vez em sua vida, Core tomou uma decisão por conta própria e comeu a romã, (desobedecendo às recomendações da mãe). Neste momento, ela deixou de ser chamada de Core e passou a ser chamada de Perséfone.
Hermes trouxe Perséfone de volta em seus braços e, ao chegarem à superfície, a maldição de Deméter perdeu o sentido e tudo começou a crescer e florir. A volta de Core do submundo, já casada com Hades, marca a chegada da Primavera.
Core se torna Perséfone, a Rainha do Submundo.
A mulher Perséfone vive intensamente seu mundo interior, dá valor aos sonhos, fantasias, intuições, se interessa por coisas que não são explicáveis racionalmente. Por sua habilidade em entrar em contato com o inconsciente, ela pode se dedicar com sucesso à psicologia, psiquiatria, astrologia, esoterismo, atividades que a levem a compreender melhor a alma humana. Ela já não é mais uma menina que procura no homem o seu salvador, é uma mulher que toma decisões e enfrenta situações difíceis, com a capacidade de orientar os indivíduos que estão vivendo no inferno.
Quando ela sai de sua introversão, surge Perséfone Primavera. Neste momento ela é consciente de sua capacidade de atrair os homens e gosta de namorar, de preferência homens Hades ou Hermes.
O homem Hades é aquele que também dá valor ao mundo interior e se interessa pelo conhecimento da alma humana, é introvertido e atua em atividades semelhantes à mulher Perséfone. Juntos dividem experiências intensas e enfrentam situações traumáticas com força e determinação. Já o homem Hermes se interessa por todas as áreas do conhecimento, inclusive pela alma humana. Sua vontade de viver, seu bom humor, ajudam a mulher Perséfone a superar suas tristezas e a ser mais extrovertida. (Eu imagino que Hermes e Perséfone devem ter dado umas boas risadas quando ele a trazia em seus braços para a superfície).

18 de maio de 2008

Mulher Core

Em grego Core significa a Jovem. Os gregos não deram um nome a ela porque, para eles, ela representava todas as jovens. No mito, ela era uma menina que vivia feliz, brincando com as amigas, correndo pelos campos, protegida por sua mãe Deméter, a Grande Mãe Natureza. Core estava brincando nos jardins do palácio de Deméter, quando viu uma flor muito bonita e desconhecida, e se afastou por alguns minutos das amigas. Mas a flor era uma armadilha. O chão se abriu debaixo de seus pés, e das entranhas da terra surgiu Hades, o Senhor do Submundo, que a raptou e a levou para o seu reino. No submundo Core se sentiu perdida, desorientada, sem saber o que estava acontecendo.
A mulher Core age e se sente como se fosse uma menina. Ela emana alegria, jovialidade, vontade de viver. Gosta de brincadeiras, danças, festas, de fazer “biquinho” quando contrariada. Ela é a menina boazinha, que não conhece a maldade. Não sendo maldosa, ela não reconhece a maldade no outro, e acredita que todos podem ser salvos. É muito fácil despertar sua piedade, e pessoas inescrupulosas ou maldosas podem se aproveitar desta sua característica. Ela tem dificuldade em dizer não ou impor limites quando alguém abusa dela. Precisa aprender que negar ajuda a quem não quer ou não pode ser salvo não é maldade, nem mesmo egoísmo, e sim instinto de sobrevivência.
A mulher Core normalmente não tem consciência de sua própria sexualidade, nem percebe que os homens se sentem atraídos por ela. Ela se sente atraída por homens jovens e inexperientes, ou por homens experientes, mais altos, mais fortes, e espertos. Estes, por sua vez, sentem que ao lado de uma mulher Core, podem ser inocentes, inexperientes, ou incompetentes, pois não serão criticados.
A mulher Core é uma menina até o momento em que o chão se abre debaixo dos seus pés, ou acontece alguma tragédia, ou descobre que precisa lutar pela sobrevivência, ou se apaixona e é forçada a amadurecer. De qualquer maneira vive uma fase difícil, durante a qual se sente perdida e facilmente entra em depressão. Este momento é perigoso, mas ela pode superar e entrar numa nova fase, mas isto eu conto na semana que vem.

11 de maio de 2008

Mulher Atená

Métis, a deusa da sabedoria, foi a primeira esposa de Zeus. Havia uma profecia que dizia que se Métis tivesse uma filha e depois um filho, este último destronaria o pai. Por isto, quando Métis ficou grávida, Zeus a engoliu.
Tempos depois, Zeus sentiu uma forte dor de cabeça. Não sabendo de que se tratava, ordenou a Hefesto que lhe abrisse o crânio com um machado. Executada a operação, saltou da cabeça do deus a deusa Atená, já vestida e armada com lança e escudo, dando um grito de guerra.
A mulher Atená é aquela que coloca a razão (simbolizada pela cabeça do pai) acima do sentimento (representada pela mãe engolida). Ela procura manter um certo distanciamento emocional das situações que vive, analisá-las racionalmente, e atuar de maneira eficiente.
Hoje, para defender uma tese, ser promovida, assumir cargos de poder, enfim, enfrentar qualquer tarefa que exija uma cabeça fria e raciocínios claros, a mulher precisa ativar Atená dentro de si. Uma executiva, por exemplo, não pode chorar numa reunião importante, porque se sentiu ofendida por algum comentário – o que se espera dela é uma reação objetiva e racional. A mulher Atená dificilmente chora e fica indignada com qualquer demonstração de fraqueza. Ela está sempre com a lança e o escudo nas mãos, disposta a lutar por seus objetivos e não é dada a ataques emocionais.
Atená era o braço direito de Zeus, a protetora dos heróis gregos, e não se casou. Hefesto tentou seduzí-la, mas foi rejeitado.
A mulher Atená também tem mais facilidade em se relacionar com os homens do que com mulheres, principalmente com homens-heróis, aqueles que ocupam, ou tem potencial para conseguir atingir cargos de poder. Mas ela os vê como parceiros de “guerra” e não como amantes.
A mulher Atená, assim como a deusa, muitas vezes não se casa. O fato de detestar sinais de fraqueza, tanto em si quanto nos outros, a leva a desprezar todo “sentimentalismo” e a ter dificuldade em mostrar seus sentimentos. Para se dar bem emocionalmente e em suas relações amorosas, ela precisa ativar outras deusas dentro de si. Afinal, o amor não é regido pela lógica.

4 de maio de 2008

A mulher Ártemis

Zeus, o Senhor do Olimpo, engravidou sua amante Leto. Sua esposa, Hera, ao saber da gravidez da rival, ficou furiosa e proibiu a deusa do bom parto de ajudar a amante do marido a dar à luz. Assim, Leto teve um parto muito difícil, dando à luz a um casal de gêmeos, Ártemis e Apolo.
Ártemis nasceu primeiro. Vendo que sua mãe ainda sentia dores e que continuava em trabalho de parto, a menina ajudou Leto a dar à luz seu irmão Apolo, o deus do Sol. É comum que a mulher Ártemis perceba logo que é mais prática e mais eficiente do que a mãe e, à medida que esta envelhece, acaba por tornasse uma espécie de “mãe” da mãe, sua “protetora”.
Quando cresceu, Ártemis foi viver nas matas e tornou-se a deusa da caça, sempre acompanhada por mulheres como ela, corajosas e aventureiras, suas “ninfas”. Ártemis era invencível no uso do arco e flecha. Só havia um rival a sua altura, seu irmão Apolo, outro arqueiro infalível.
A mulher Ártemis não é doméstica, ela é uma “caçadora”, e a casa logo se torna um lugar pequeno demais para ela. Ela precisa enfrentar desafios, conquistar sua independência financeira, ser dona do seu próprio nariz. Ela “vai a caça” – é uma mulher que precisa de realização profissional e independência econômica.
A mulher Ártemis costuma definir alvos, estabelecer um objetivo de vida, mirar cuidadosamente seu arco e não sossegar enquanto não atingi-lo.
A primeira imagem de mulher Ártemis que lembro foi uma foto que vi na revista Manchete, quando era pequena. Era a foto de Leila Diniz grávida, na praia, de biquíni, mostrando sua linda barriga. Isto numa época em que mulheres que andavam de biquíni já não era bem vistas - uma grávida de biquíni, então, era um verdadeiro escândalo. As mulheres Ártemis são bem capazes de desafiar toda e qualquer regra que cerceie sua liberdade. Elas tem idéias próprias e lutam por aquilo em que acreditam.
Conheci várias profissionais Ártemis que abriram empresas com sócias, empresárias que criaram alianças com outras mulheres. Como Ártemis, iam à luta em companhia de outras mulheres competitivas, independentes. Muitas lutaram e lutam pelos direitos da mulher. Mas o traço que torna mais fácil reconhecer uma mulher Ártemis é o amor aos esportes e/ou à natureza. O contato com a natureza lhe dá a sensação de liberdade que tanto ama, enquanto que, na prática de esportes, ela dá vazão a seu espírito competitivo.
A mulher Ártemis tende a passar tanto tempo concentrada na busca de seus objetivos que tende a esquecer da vida pessoal.
No mito, Ártemis não se casou. O deus com quem ela mais conviveu foi o seu irmão Apolo, que a aceitava como ela era. Ambos eram competitivos, eficientes, inteligentes e arqueiros imbatíveis, e viviam brincando e competindo.
A mulher Ártemis, normalmente, procura por um homem companheiro, irmão, um homem que também tenha objetivos na vida, que lute por aquilo que quer, e que, como ela, concentre seus esforços na luta por um lugar ao sol.
O casamento Ártemis-Apolo não se encaixa no modelo tradicional, em que o homem é o provedor e a mulher desempenha o papel de esposa e mãe. O casamento Apolo-Ártemis é o casamento moderno, em que ambos desempenham o papel de provedores – em que um ajuda o outro a crescer profissionalmente, dividem as despesas, discutem e resolvem juntos os problemas do dia a dia. Mas correm o risco de trabalharem tanto, que não criam tempo, nem espaço para curtir juntos sentimentos e emoções.

27 de abril de 2008

No blog que mantive no ano passado, conversei com meus leitores sobre alguns deuses gregos, Apolo, Dioniso, Hefésto e outros. Agora estou aqui para conversarmos sobre as deusas gregas, e assim entender um pouco melhor nossas amigas, mães, chefas ou namoradas. Este método para compreender a psique de cada um de nós e as características das personalidades dos deuses gregos foi realizado por Foi Jean Bohlen Shinoda, uma psicóloga americana, a pioneira no estudo dos arquétipos representados pelas deusas gregas para compreender a personalidade das mulheres atuais. Foi Shinoda quem abriu as portas de minha mente para este vasto universo da análise simbólica da mitologia grega.

Aprendi com outro americano, Joseph Campbell, que ao lermos um mito devemos prestar atenção na atitude dos personagens perante seu destino. Se tomarmos as mesmas atitudes (enfrentar, fugir, negar, por exemplo), nosso destino também será semelhante ao do personagem. Podemos aprender com as deusas invulneráveis a nos realizarmos. Podemos aprender com Ártemis, a ser independentes; com Atena, a ter sucesso profissional; com Héstia; a gostar de nós mesmas.. Mas cuidado - o risco de quem não precisa dos outros é a solidão, e quem busca o sucesso acima de tudo não tem tempo para os sentimentos, nem para as relações.

Pois as deusas vulneráveis, Demeter, Hera e Core, também têm lições a nos dar. Elas vivem para as relações. Se agirmos como elas, podemos conhecer e vivenciar as alegrias e tristezas de sermos mães, esposas ou filhas. O que também exige cuidado - quem vive para os outros, para as relações, pode não ter tempo de cuidar de sua realização. E acaba negligenciando seu lado Ártemis, ou Héstia.

E há ainda Afrodite. Shinoda a chama de deusa “alquímica”, porque ela é independente como as invulneráveis, e precisa da relação, como as vulneráveis.

As deusas gregas, ou seus padrões de comportamento, estão presentes na psique de todas as mulheres. Ora nos identificamos com uma, ora com outra, dependendo da situação. Você pode se sentir tímida como uma Core ao chegar a uma festa, e brilhar como Afrodite quando começar a se sentir à vontade.

Mas há sempre uma deusa com a qual nos identificamos mais. Por isto dizemos de alguém que é Atena, Afrodite ou Héstia. Todas nós trazemos todas deusas dentro de nós. Durante séculos, o patriarcalismo condenou a “mulher de boa família” a viver exclusivamente três papéis - o de Demeter, a mãe, Hera, a esposa, ou Core – a filha.

As deusas invulneráveis, independentes demais, foram banidas. Ártemis, a caçadora, foi proibida de sair de casa, Atena, a dirigente, a estrategista, foi obrigada a fazer tricô e Afrodite – bom, Afrodite nunca foi de boa família. A partir da Segunda Guerra Mundial, que abriu espaço no mercado de trabalho, nas universidades, nos governos, para as mulheres, e o movimento feminista, as deusas invulneráveis Ártemis e Atena passaram a ser reconhecidas e valorizadas. E Afrodite, a deusa do amor, continuou existindo e conquistou novos espaços. O desejo do ser humano de amar e ser amado é atemporal.

Convido quem quiser a estar aqui próximos domingos para conversarmos sobre cada uma delas: Ártemis, Atena, Héstia, Demeter, Hera, Core-Perséfone e Afrodite.