27 de julho de 2008

Quando Réia, a deusa da terra, paria um filho, seu marido Cronos o engolia. Réia só conseguiu salvar Zeus das garras do pai. Quando cresceu Zeus se revoltou contra Cronos, derrotou-o e o obrigou a vomitar os filhos que já tinha engolido. Os irmãos e irmãs de Zeus tornaram-se os deuses olímpicos: Hades, Posídon, Hera, Demeter e Héstia.
Héstia, porém, não quis ir para o Olimpo, tornou-se a deusa do fogo da lareira aqui na terra mesmo; assim seu templo (o fogo da lareira) estava presente em todos os lares gregos. Ela sempre se manteve afastada das politicagens e intrigas do Olimpo e se recusou a participar da guerra de Tróia. Casou-se com Hermes, o mensageiro dos deuses.
A mulher Héstia não é ambiciosa, não gosta de trabalhar em empresas e organizações, nas quais geralmente é preciso lidar com intrigas de poder para sobreviver. Ela curte atividades que possa realizar sozinha, de preferência em sua própria casa.
A mulher Héstia não consegue compreender porque muitas pessoas acham a solidão um bicho papão, para ela estar só é estar bem consigo mesma.
A mulher Héstia pode não casar. Quando casa, ou quando mantém uma relação constante com um homem, é, em geral, com um homem Hermes. Ela curte viver ao lado de um homem Hermes. Ele sai para trabalhar, viajar, enquanto ela fica em casa, realizando seu próprio trabalho. Quando ele volta traz novidades do mundo lá fora, agitação, notícias e fofocas, ela oferece a ele um refúgio, um ninho onde possa descansar.

20 de julho de 2008

Afrodite e Hefesto

Segundo uma versão do mito, Afrodite era filha de Zeus. Zeus queria transar com Afrodite, mas ela se recusou. Por isto ele a obrigou a casar com Hefesto, o único deus que trabalhava e tinha profissão - ferreiro.
Hefesto passava os seus dias dentro do vulcão, forjando obras de arte. Forjava estátuas, armaduras, coroas, o Olimpo era mobiliado e decorado por suas peças. Enquanto ele trabalhava, Afrodite ficava sozinha em casa. Até o dia em que ela o traiu, transando com Ares, o deus da guerra.
A mulher Afrodite é pressionada pela sociedade patriarcal a “criar juízo”, a deixar de viver a vida intensamente, a casar com um homem trabalhador que lhe ofereça segurança material e fidelidade, e este é o perfil do homem Hefesto.
O homem Hefesto facilmente se torna um workaholic, trabalha o dia todo, inclusive os finais de semana, chega em casa cansado, e nem olha para o “mulherão” que está ao seu lado, com efeitos desastrosos para o casamento.
A mulher Afrodite começa a ter fantasias de encontrar um homem que olhe para ela com desejo, um homem Ares, um homem que curta sexo e seja tão emocional como ela. Às vezes, as realiza.

13 de julho de 2008

Afrodite e Hermes

O mito conta que Afrodite e Hermes tiveram um filho chamado Hermafrodito, não conta como se encontraram e nem como foi a relação entre os dois. Mas, não é difícil imaginar Hermes, aquele com asinhas nos pés, o deus que adorava viajar e bater papo, ao lado de Afrodite, a deusa da arte e da beleza.
A mulher Afrodite curte o homem Hermes porque ele adora boa companhia e vive a vida com a mesma intensidade que ela. Ele até a ajuda a escapar das encrencas em que se mete, viajam, saem com os amigos, batem altos papos e dão boas gargalhadas.
Porque Afrodite não se casou com Hermes? Quem vê um casal Afrodite-Hermes se divertindo tem a impressão de que eles nasceram um para o outro. Afinal, eles tiveram um filho chamado Hermafrodito, um símbolo da união do feminino e do masculino. Foram minhas pacientes e amigas Afrodite que me deram a resposta: no dia-a-dia o homem Hermes analisa racionalmente tanto fatos como pessoas, e parece não se envolver emocionalmente com nada. Isto irrita uma mulher Afrodite, que faz exatamente o oposto: mergulha de cabeça para depois pensar aonde se meteu.

6 de julho de 2008

O mito e o mundo moderno

O mundo competitivo em que vivemos não nos deixa tempo para nada. Quando não estamos empenhados em trabalhar, ganhar dinheiro, adquirir status, ou simplesmente garantir nossa sobrevivência, temos pepinos para resolver, contas a pagar, compras a fazer, o carro para levar para revisão, um aniversário ou casamento ao qual não podemos faltar. No dia-a-dia, nossa atenção é disputada por um dilúvio de informações que nos ataca de todos os lados - da TV, da internet, dos outdoors, dos jornais, etc, etc; e no meio de toda esta agitação, esquecemos de nosso maior desejo – o de sermos compreendidos e amados pelos que nos são próximos.
O anseio por ser aceito, amado, valorizado está profundamente enraizado na psique humana. Somos animais sociais – não sabemos viver sozinhos. Mas para sentir-se integrado a um grupo, precisamos também compreender os que nos cercam. Um instrumento valioso para conhecer a si mesmo e compreender os outros é, você pode não acreditar, o mito. Mas o que é que nós, cidadãos do século XXI , temos a aprender com os antigos, com povos que viveram e morreram há milhares de anos atrás?
Viver uma vida humana, seja na cidade de São Paulo ou nas cavernas, é passar pelos mesmos estágios da infância à maturidade; é sofrer a mesma transformação da dependência da infância em responsabilidade adulta, é lutar pela sobrevivência, vivenciar o casamento e a decadência física, a perda gradual das capacidades na velhice e, finalmente, enfrentar a morte.
Os mitos nos contam como outros seres humanos lidaram com estas questões, nos dando pistas de quem somos e para onde nossas atitudes estão nos levando.
Para os gregos, por exemplo, assim como para nós, derramar o próprio sangue, matar um familiar, era o mais hediondo dos crimes. O culpado de um crime assim não podia ser perdoado nem pelos deuses e sofria uma punição mais terrível do que aquela reservada aos outros assassinos – o tormento pelas Fúrias. As Fúrias eram monstros alados, com cabelos de serpentes, cuja função era não dar um minuto de paz aos culpados deste tipo de crime. Não foi isto mesmo que aconteceu no caso que chocou o Brasil recentemente, o assassinato da menina Izabela pelo próprio pai? Quem acompanhou o caso pela TV, e viu a multidão cercando a casa do assassino, disposta a linchá-lo a qualquer preço, pode ver, com seus próprios olhos, o pai-assassino sendo atormentado sem dó nem piedade por estas Fúrias modernas, a imprensa e a opinião popular.