26 de abril de 2009

Mulher Ifigênia

Como vimos, Agamenon estava com suas tropas no porto de Áulis, pronto para partir para a guerra de Tróia, quando os ventos pararam de soprar. Um oráculo foi consultado, e revelou que, para que os ventos voltassem a soprar, Agamenon deveria sacrificar sua filha Ifigênia. Agamenon ficou conflituado, mas acabou por decidir que a vitória na guerra era mais importante do que a vida da filha. Mandou uma mensagem para sua esposa, Clitmenestra, mandando que ela levasse Ifigênia ao porto para se casar com o grande herói Aquiles. Quando as duas chegaram ao porto de Áulis e descobriram que haviam sido enganadas, Clitmenestra ficou revoltada. Ifigênia parece ter aceito seu destino.
Ser filha de um pai que dá mais importância ao trabalho que à família não é fácil. Quando esse pai acredita em valores patriarcais e não valoriza a mulher, como Agamenon, a situação é ainda pior.
É comum que a filha idolatre o pai durante a adolescência. Quando este não lhe dá atenção, não acredita que ela possa tomar suas próprias decisões, e tornar-se independente, ela fica deprimida. Nesta fase, isto pode facilmente levar a filha a sofrer de falta de auto-estima e nutrir fantasias de morte.
Há uma versão do mito que conta que, no momento em que Ifigênia ia ser sacrificada, a deusa Ártemis a transformou-a numa corça, transportou-a para longe dali e a transformou em sua sacerdotisa. Porém há outra versão em que Ifigênia é sacrificada, os ventos voltam a soprar, os navios partem para Tróia e a morte de Ifigênia fica por isto mesmo.
A filha de um pai Agamenon, para não ser sacrificada, precisa conquistar sua independência por conta própria. Ela precisa se tornar uma sacerdotisa da deusa caçadora Ártemis, uma mulher-Ártemis, isto é, uma mulher que se respeita e é respeitada, de lutar por aquilo que quer, capaz de alcançar seus objetivos. Quando tem a má sorte de ter um pai que não a valoriza, a mulher precisa aprender a se valorizar e a crescer por conta própria.

19 de abril de 2009

Homem Agamenon

Na mitologia grega, Agamenon era o rei de Micenas, a maior e mais poderosa cidade grega na época da Guerra de Tróia. Como líder de todos gregos, e irmão de Menelau, o marido traído de Helena, foi ele quem liderou o exército grego durante a guerra contra Tróia.
O Homem Agamenon é um homem acostumado ao mando. Ele pode ser o executivo, o empresário, o profissional autônomo, mas é sempre aquele homem que vive em função do trabalho e não tem tempo para a vida pessoal. Aquele que vive adiando viagens de férias com a família, porque na hora sempre aparece algo importante para resolver. Ele chega em casa sério, preocupado, e presta pouca atenção às pessoas que estão em sua volta. Sua cabeça está em “assuntos mais sérios”.
Quando estourou a guerra de Tróia, Agamenon, como rei de Micenas, reuniu no porto de Áulis os barcos que levariam as tropas gregas até Tróia. Estavam todos ansiosos para zarparem, mas os ventos não sopravam e os barcos ficaram imobilizados. Agamenon ficou sabendo através dos sacerdotes que quem impedia a saída dos navios era a deusa caçadora Ártemis, indignada por que Agamenon, que havia feito sacrifícios para os deuses pedindo sua proteção, havia se esquecido de fazer uma oferenda à ela. Ártemis só permitiria a partida dos barcos se a filha de Agamenon, Ifigênia, fosse sacrificada.
Em geral, o homem Agamenon moderno também não faz oferendas à mulher Ártemis, isto é, ele não valoriza a mulher independente, auto suficiente, que luta pelos seus direitos. Ele age como um patriarca que “tolera” o poder da mulher, mas, na verdade, não o respeita.
O homem que age como um “soberano” tende a sacrificar seu lado feminino, reprimir sua sensibilidade e sentimentos, e consequentemente tende a sacrificar sua vida pessoal. Entre as solicitações da família e amigos e o trabalho, ele sempre faz a opção pelo trabalho.
Agamenon sacrificou a filha, os navios puderam partir, e venceu a guerra. No entanto quando voltou para casa, sua esposa Clitmenestra, que jamais havia perdoado Agamenon por ter sacrificado a filha, o matou.
Assim como na Grécia antiga, o homem Agamenon é visto como um vencedor na sociedade moderna, cresce profissional e financeiramente, adquire status, mas quando a guerra termina, quando chega o momento de parar e ele volta para casa, encontra uma mulher amargurada e vingativa, uma filha “morta”, isto é, uma filha sem auto estima e frágil, e percebe que não tem valor para os seus entes queridos.