28 de agosto de 2010

Sonhos - fogo

“Os sonhos nos quais cidades inteiras são queimadas, ou que a nossa própria casa é destruída pelo fogo indicam, em regra geral, um afeto já existente que se tornou completamente fora de controle. Sempre que uma emoção ultrapassa o controle do indivíduo, aparece o fogo destrutivo como tema. Alguma vez você já se sentiu em tal estado de espírito que fez coisas horríveis, irremediáveis? Alguma vez você escreveu uma carta e daria tudo para não tê-la escrito? Ou disse alguma coisa que era melhor não ter dito e mordido a língua? Talvez você tenha agido destrutivamente através de emoções – tenha feito coisas para as quais não há mais conserto, arruinado algo para sempre, destruído um relacionamento humano. E, só para citar de passagem, isso lembra as declarações de guerra, frequentemente feitas sob estados emocionais fortes e, então, a destruição com certeza leva a uma conflagração mundial. Os estados emocionais destrutivos são muito contagiosos, como se pode depreender dos fenômenos de massa. Quando alguém solta as rédeas liberando as emoções destrutivas, geralmente tem o poder de arrastar consigo outras pessoas, gerando aqueles horríveis movimentos de massa onde pessoas são linchadas, assassinadas – tudo devido ao fogo de emoção que foi repentinamente liberado.”

Esta é uma citação de Marie Louise von Franz, discípula de C.G.Jung, foram através de seus livros que eu aprendi a interpretar sonhos.

21 de agosto de 2010

Sonhos - Atena

Irene, 53 anos, sonhou que foi encolhendo, encolhendo, até tornar-se bem pequena no colo do seu namorado.

Quando Irene me contou esse sonho, pensei imediatamente no mito do nascimento de Atena: Zeus, o Senhor do Olimpo, casado com a deusa Hera, engravidou Métis, a deusa da sabedoria, depois ele a diminuiu e a engoliu. Alguns meses mais tarde, Zeus sentiu uma forte dor de cabeça, e pediu ao seu filho que a abrisse para ele poder ver o que estava acontecendo, ao abri-la surgiu a deusa Atena, deusa da razão e da justiça.

Há um claro paralelo entre o histórico de Irene e esse mito: o pai de Irene era um homem Zeus: poderoso, preservador dos valores patriarcais, severo, rígido em seus princípios, que a oprimia toda vez que ela tinha reações femininas (maquiar-se, vestir-se elegantemente, etc). A mãe de Irene era uma mulher Hera: que vivia em função do marido patriarca, e castigava Irene quando ela reagia a uma situação intuitivamente, ou de maneira contemplativa.

O sonho revelava que, como Métis, Irene sentia-se pequena, engolida pelo pai e consequentemente pelos homens.

Diante dessa opressão patriarcal, Irene desenvolveu seu arquétipo Atena, isto é, tornou-se uma mulher com forte senso de justiça, profissional competente, racional, aliada aos homens fortes, desde que justos. Mas com dificuldades de desenvolver seu lado Afrodite: a capacidade de amar e sentir-se amada

14 de agosto de 2010

Sonhos - Perséfone

Teresa foi procurar terapia porque, apesar de seus 27 anos, sentia-se uma menina perdida na vida, com falta de auto estima. Ela contou o seguinte sonho:

“Eu entrei numa caverna subterrânea. Na penumbra iluminada apenas por umas poucas velas, vi silhuetas de sacerdotes vestidos com mantos, como na Idade Média. Andavam lentamente formando um semicírculo em volta de um altar. Um deles pegou na minha mão solenemente, e me levou ao altar, onde meu namorado me esperava. Parecia um ritual pagão. Acordei, sentindo que algo muito sagrado tinha acontecido.

Esse sonho lembra o mito grego de Core. Core era uma menina feliz que vivia correndo pelos campos. Um dia afastou-se das amigas para colher uma linda flor, de repente, o chão abriu-se por baixo de seus pés, surgiu o temível deus Hades, a agarrou em seus braços e a levou ao submundo. No primeiro momento a menina sentiu-se desorientada, mas, depois, apaixonou-se por Hades, casaram-se e ela tornou-se Perséfone, a Rainha do submundo.

Teresa sentia-se como Core: uma menina inocente que depois sentiu-se desorientada. O sonho indicava que ela tinha potencial para tornar-se Perséfone: uma mulher madura.

7 de agosto de 2010

Acidente

Alice sonhou que estava dirigindo seu carro, quando ele caiu num barranco e capotou. Acordou antes do carro chegar no chão. Em outra cena viu o seu peito com caroços.

Lembram-se que no primeiro sonho que eu contei de Alice, era o irmão mais velho quem dirigia? Vejam que mudou o motorista, pois nesse sonho era ela quem dirigia. Era um sinal que ela estava começando a pegar a direção de sua própria vida. Mas, ainda sentia que não era capaz, pois o carro caiu no barranco.

A fase pela qual Alice estava passando não era nada fácil, seu pai morreu repentinamente, precisava decidir qual faculdade iria fazer e se preparar para o vestibular. Ela sentia que não tinha controle sobre sua própria vida, sentia-se no ar, com medo que no final poderia se dar mal. Em suma, ela estava ansiosa e com medo da vida.

Diante de momentos decisivos de nossas vidas, o grande inimigo que precisamos enfrentar é o medo, o medo do erro, da morte de entes queridos, da própria morte, etc. O medo não vai deixar de existir, pois faz parte da natureza humana. A questão é se vamos ser dominados por ele, e deixar que nossas vidas fiquem paralisadas, ou se vamos dominá-los, e continuarmos caminhando.

O detalhe de Alice, no sonho, olhar para o peito e ver caroços deu a dica que a principal questão que Alice estava enfrentando era o que é ser mulher.