Marie Louise, em seu
livro O Caminho dos Sonhos contou:
Lembro-me de um homem
talentoso na escrita, que devia escrever sua tese para o Instituto Jung de
Zurique. Ele sonhava que animais poderosos o perseguiam, o que eu interpretava
como sua criatividade querendo atingi-lo. Mas ele não a aceitava. Ele
sustentava tratar-se de sexualidade. Ora, na realidade ele tinha uma namorada e
uma vida sexual satisfatória, portanto eu não acreditava em sua interpretação.
Mas ele não queria e não conseguia escrever, até sonhar que estava sendo
perseguido por um touro. Ele corria e o touro vinha atrás, cada vez mais perto,
até finalmente saltar uma cerca. O touro parou e se levantou sobre as patas
traseiras. O sonhador olhou para trás e viu o pênis ereto do touro, que era uma
caneta esferográfica. Aí ele disse: “Tudo bem, está certo.” Então ele escreveu
uma tese excelente.
De modo geral, se algo
nos sonhos nos persegue, é porque quer chegar até nós. Mas nosso medo lhe
confere uma aparência maléfica. Se formos capazes de encarar esse lado da nossa natureza e
aceita-lo, provavelmente ele se tornará mais benevolente. É claro que todas as
regras de interpretação de sonhos são paradoxais. Às vezes somos perseguidos
num sonho por poderes do inconsciente dos quais é correto fugir. Na psique há
tendências destrutivas que devemos evitar. Mas 80% do que nos persegue em
sonhos é, na verdade, algum aspecto valioso da nossa personalidade que deveria
ser integrado.