25 de fevereiro de 2012

Discussão de casal


Existem homens que passam a maior parte da vida possuídos pela anima, assim como existem mulheres dominadas pelo animus quase que o tempo todo. Esses são casos crônicos, que exigem tratamento especializado. Felizmente, a maior parte das pessoas é possuída apenas de vez em quando e sob certas circunstâncias.
É muito comum, por exemplo, uma discussão de casal ir pouco a pouco esquentando e despertando na mulher – o animus e no homem – a anima. Durante uma discussão que vira bate boca, a tendência é o homem ir se tornando cada vez mais venenoso em seus comentários e a mulher mais radical em suas colocações. Ambos vão ficando “fora de si” e sabem disto. Esse “fora de si” é a possessão.
Como sair dessa? Voltando a ser você mesmo. Isso não é fácil, exige auto-controle e humildade para perceber que você não precisa ganhar a discussão; que vocês podem voltar a falar desse assunto mais tarde, quando não estiverem “possuídos

18 de fevereiro de 2012

O homem interior


Assim como a Anima é o lado feminino do homem, o Animus é o homem que a mulher carrega dentro de si. É o aspecto  da personalidade que permite à mulher afirmar-se profissionalmente, ter iniciativa e ideias próprias. Hoje, mais do que nunca a mulher precisa desenvolver seu Animus para poder vencer e ter voz própria num mundo no qual os homens ainda dominam. O perigo é deixar-se dominar por ele.
A mulher dominada pelo Animus tende a acreditar que ela é  “dona da verdade”, está sempre com a razão, ás vezes, ela pode realmente estar certa. Mas, o animus faz com que ela se expresse de forma agressiva e autoritária e a discussão vira bate boca.
Porém a possessão de Animus pode se manifestar da forma oposta: levando a mulher a acreditar que ela é fraca, ineficiente, submissa, incapaz de dirigir sua própria vida, nutrindo fantasias de morte, sentindo-se torturada, deprimida pensando até em suicídio. Essa mulher tende a ser distraída, como se não estivesse plenamente presente – talvez com maneiras charmosas e femininas, mas tudo como se estivesse parcialmente adormecida.

Em suma, o animus pode levar a mulher agredir o outro (primeiro caso) ou a si mesma (segundo caso). Mas trata-se sempre de agressão e numa agressão alguém sempre sai machucado. Para uma mulher possuída o importante é reconhecer a possessão, tentar controlá-la e ativar as características positivas do seu homem interior: ver com clareza e objetividade o que está acontecendo, agir e falar no momento certo, ser criativa. Ao dominar seu lado masculino a feminilidade vem á tona, isto é, a mulher aprende a se colocar no lugar do outro, respeitar suas intuições, seus sonhos e fantasias.
As mulheres levaram anos lutando contra a tirania dos homens lá fora, agora precisam libertar-se da tirania do homem que trazem dentro de si.

11 de fevereiro de 2012

Anima

A Anima é o lado feminino do homem. Não deve ser reprimida: o homem que reprime a anima torna-se árido, autoritário e "dono da verdade". Se, ao invés de reprimi-la, o homem deixar-se dominar por ela, torna-se "um coitadinho"; sem a presença da anima na psique masculina, os homens não seriam capazes de conviver em sociedade. É a anima quem lhe dá seus sentimentos, sua intuição, sua capacidade de amar, sua sensibilidade à natureza, sua receptividade ao que é irracional, seus sonhos e fantasias.
Um traço importante do feminino é a capacidade de colocar-se no lugar do outro, um homem que reprime a mulher dentro de si também oprime as mulheres que o cercam; para casar com um homem assim a mulher tem que submeter-se a sua autoridade e nunca conseguirá realizar-se.
O homem quando está dominado por seu lado feminino (independente de sua opção sexual) fica nervoso, irritado, de mau humor, sentindo-se magoado por qualquer coisa, um pobre coitado incompreendido pela mulher, vítima de tudo e de todos, nutrindo pensamentos sombrios, fazendo comentários negativos, etc.
Sem poder reprimi-la, nem deixar-se dominar por ela, o homem precisa aprender a conviver com sua anima. Precisa integrar a sensibilidade, as emoções e a tolerância que ela lhe inspira em sua personalidade masculina e perceber quando está sendo dominado por seus aspectos negativos e controlar-se.

4 de fevereiro de 2012

João e Maria apaixonam-se. João tem certeza que encontrou, finalmente, a mulher ideal; Maria conta para todas as suas amigas que João é, com certeza, o homem de seus sonhos. Até o momento em que começam as discussões. João se queixa aos amigos: eu não sei o que acontece, mas às vezes Maria parece ser outra mulher, parece que está com o diabo no corpo. Maria diz para as amigas: Eu adoro João, mas ele, às vezes, fica insuportável, parece um menino chorão.
Quando duas pessoas se apaixonam, apaixonam-se inevitavelmente pela imagem que formam da pessoa  amada. Mas essa imagem, a primeira, nunca é completa: há sempre aspectos da pessoa que só se revelam com o tempo. Um dos aspectos que uma mulher sempre demora a descobrir no homem pelo qual se apaixonou é o “o menino chorão” dentro dele, o lado feminino, o qual Jung chamou de Anima. Da mesma forma, o homem dentro da mulher, que Jung chamou de Animus e João descreveu como “o diabo no corpo” de Maria, só se revela com o passar do tempo.
Na verdade, em todo relacionamento há 4 “pessoas” relacionando-se: João e o menino chorão (seu lado feminino que faz ele comportar-se como uma vítima), Maria e seu lado masculino (que acredita estar sempre com a razão). Essa é uma dinâmica que, quando mal compreendida, destrói muitos relacionamentos que teriam tudo para dar certo. É sobre essa questão que eu vou conversar com vocês nas próximas semanas.