27 de outubro de 2012

Tornando-se adulto

Eduardo não sabia se era um sonho ou uma imagem, pois parecia real: "Eu e o meu pai estávamos num barco pescando, o meu pai desapareceu e eu tinha que pescar sozinho, pensei: e se eu pescar um peixe envenenado?"
Essa é uma boa imagem que mostra um fato muito real: o filho deve aprender a pescar com o pai, mas chega um momento em que o pai tem que sair de cena e o filho tem que seguir sozinho o seu caminho. Tem que pescar sozinho, mesmo que isso seja perigoso, isto é, que aja peixes envenenados no rio. É o momento em que o individuo deixa de viver o papel de filho para tornar-se um homem adulto. Eduardo estava nesse momento, mas tinha medo de não ser capaz de caminhar com suas próprias pernas.
É incrível a semelhando desse sonho com um conto de fadas: Era uma vez um pescador que tinha um filho...

21 de outubro de 2012

Sonhos e Contos de Fadas

Quando li pela primeira vez um livro de Marie Louise Von Franz, uma discípula de Jung, sobre  interpretação de contos de fadas, fiquei fascinada: senti que um novo universo abria-se a minha frente. Contos que antes pareciam bobos, quando compreendidos em seu sentido simbólico tornavam-se ricos de significados. Mas, você pode perguntar, "qual é a utilidade de aprender a interpretar contos, não é como pesquisar o sexo dos anjos?" A resposta estava no próprio livro: tanto os sonhos quanto os contos utilizam-se da mesma linguagem: a simbólica. Ao aprendermos a interpretar contos, estamos aprendendo a interpretar sonhos e é compreendendo os sonhos que compreendemos as pessoas.
Um bom exemplo é a afirmação de Marie Louise: um fator comum nos contos de fadas é que sempre que o personagem relaciona-se  bem com o cachorro ele tem um final feliz, e quando acontece o contrário, o personagem não é o herói e sim o vilão. Assim, simbolicamente, relacionar-se bem com o cachorro nos sonhos, significa relacionar-se bem com o seu lado instintivo.

6 de outubro de 2012

Sonho - a tristeza

Eduardo e sua namorada se separaram, isso o deixou muito deprimido, nesse dia ele teve o seguinte sonho: 
"Era noite. Eu estava na Marginal Tietê. Vi que havia uma floresta no meio da Marginal, quando cheguei perto da floresta vi um caminhão com baú atrás, parado. Eu e uma cachorrinha entramos no baú e dormimos abraçados. O caminhão movimentou-se, mas não acordei. Quando amanheceu a porta do baú abriu-se e a cachorra foi embora. Fui olhar pela janelinha da carroceria para ver quem estava dirigindo e vi que era ninguém, nesse momento entrou luz no baú. Eu estava com receio de que a cachorra não voltasse."
O fato de ser noite, de estar na Marginal (lugar que ele considerava  sombrio), dentro de um baú, mostram a tristeza de Eduardo. O fato de ninguém estar dirigindo o caminhão, demostra que ele não se sentia capaz de tomar as rédeas de sua vida. O feminino aparece como uma cachorrinha, um ser irracional, porém capaz de amor, carinho e lealdade. Ele sente falta do feminino (a namorada), mas ainda não era capaz de vê-la como uma criatura completa, humana, igual a ele, com quem ele pudesse dividir seu destino. A luz que entra no baú ao final do sonho, no entanto, representava uma esperança.