30 de março de 2013

Velhice

óleo s/tela - Petia

Outro inimigo que o guerreiro (todos nós) encontra em seu caminho é a velhice.
Vivemos nossas vidas com a sensação de sermos imortais, até o momento em que vamos ao médico reclamar de alguma dor e ele nos diz: isso é normal em sua idade. A verdade é que as mudanças em nossos corpos são tão lentas que mal notamos, a gente continua se vendo por dentro como sempre foi – são os outros que notam que envelhecemos.
Certa vez eu disse para uma mulher de 20 anos: Nossa! Como o tempo passa depressa! Ela respondeu-me: minha mãe também diz isto. Fiquei surpresa, pois pensei que era uma sensação comum a todos e não um sinal de velhice.  Lembrei-me das palavras de um personagem de Gabriel Garcia Marques ao completar 90 anos: “...comecei a medir a vida não pelos anos, mas pelas décadas. A dos cinqüenta havia sido decisiva porque tomei consciência de que quase todo mundo era mais moço que eu. A dos sessenta foi a mais intensa pela suspeita de que já não me sobrava tempo para me enganar. A dos setenta foi temível por uma certa possibilidade de que fosse a última.”
A velhice nos traz a consciência de que somos mortais e que, portanto, não podemos deixar que pequenos incômodos e contrariedades nos impeçam de aproveitar o tempo que nos resta e ser felizes.

23 de março de 2013

A Clareza

Ilustração Petia

O objetivo do processo psicoterapêutico é obtermos a visão da águia, isto é, mantermos um distanciamento emocional da realidade, para podermos enxergar com  clareza o que está acontecendo e atuarmos da melhor maneira possível.
A águia voa silenciosa e tranquila pelo céu, vê toda a paisagem e enxerga com clareza e precisão.
Eu sempre digo aos meus pacientes que se colocarmos nossa  mão próxima aos olhos, nós não conseguimos enxerga-la, basta afasta-la que a vemos com clareza.
Mas existe um perigo: quando somos muito terapeutizados ou adquirimos um conhecimento maior da vida, enxergarmos com tanta clareza a situação e o que vai acontecer que deixamos de nos envolver emocionalmente com a vida e nos tornarmos pessoas frias.

16 de março de 2013

Nosso poder


Reconhecer o nosso próprio poder é percebermos que nossos humores, palavras, atitudes, decisões, interferem fortemente nas pessoas que estão em nossa volta.
Podemos exercer nosso poder não levando o outro em consideração, por exemplo, o homem que compra um carro novo para a mulher sem permitir que ela decida qual carro comprar; a mulher que fuça no celular do marido sem a permissão dele e milhões de outros exemplos que vemos no dia a dia.
Ou podemos exercer o nosso poder estimulando o que há de melhor no outro, tornando o ambiente em nossa volta agradável.
Ilustração Petia

9 de março de 2013

O Poder


Ao escaparmos do papel de vítima, ao controlarmos o medo, adquirimos poder.
Percebemos que nossas vidas não são apenas levadas pelos acontecimentos, e sim que somos nós que remamos os nossos próprios barcos.
Reconhecer nosso próprio poder é perceber que num confronto, se o outro for muito mais forte do que nós, o melhor a fazer é escapar, se o outro for semelhante a nós, o melhor é enfrentar, se for mais fraco, o melhor é termos compaixão. E que nem em todas as relações, o outro é uma caça e nós o caçador.

1 de março de 2013

O Medo


Além de alertar contra a autopiedade, D.Juan, o xamã mexicano, também nos alerta contra o medo. O medo está presente em todas as fases de nossas vidas: quando crianças sentimos medo ao começar a andar, a falar, a ir para escola; na adolescência, temos medo de escolher a profissão errada, de ficarmos sozinhos. Mais tarde, sentimos medo de assaltos, de ser seqüestrados, de sofrer um acidente, da falência física ou financeira..
Não há nada de errado em sentir medo. Todos sentem medo. O medo faz parte da natureza e é até necessário, porque é ele que nos avisa do perigo e nos ensina cautela.
D.Juan nos ensina que, se quisermos viver plenamente, precisamos encarar o medo e dominá-lo.  A questão não é não sentirmos medo, e sim, seguirmos em frente apesar dele.